Cerca de 70 vendedores ambulantes se reuniram em frente ao Palácio do Buriti, na manhã desta terça-feira (3/9), para protestar contra a retirada de trabalhadores do Eixão do Lazer, em Brasília, após operação do Governo do Distrito Federal (GDF), no último domingo (1º/9).
Na ocasião, a população ficou proibida de trabalhar na área do Eixo Rodoviário, que fica fechado para o trânsito de veículos aos domingos e feriados, das 6h às 18h. A proibição ocorreu após ação da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal), com equipes da Polícia Militar (PMDF) e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF).
Depois do protesto desta manhã em frente à sede do GDF, os manifestantes seguiram para a Câmara Legislativa (CLDF), na tentativa de dialogar com deputados sobre o tema.
Eles cobraram a revogação do Decreto Distrital nº 40.877/2020, instituído pelo Executivo local no auge da pandemia de Covid-19, com orientações para o fechamento do Eixão e vigente até hoje. Parte do documento chegou a ser revogada em 2021, mas a proibição à comercialização de produtos ainda estava em vigor e serviu como base para a ação da DF Legal.
Ainda no domingo (1º/9), após as remoções e diante de reações contrárias à operação, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), comentou sobre o assunto nas mídias sociais.
O chefe do Executivo local afirmou que a ação da DF Legal atendeu a reclamações de moradores da Asa Norte, mas que o Eixão do Lazer “não vai fechar”.
“O Eixão do Lazer é uma conquista da população de Brasília, não vai fechar, nem ninguém será impedido de promover as atrações culturais que se tornaram um patrimônio da capital. A ação da DF Legal neste domingo (1º/9) atendeu a reclamações de moradores próximos, tendo sido orientada apenas a organizar o comércio no local, que será mais funcional na medida em que possamos cadastrar e regularizar a atividade”, declarou Ibaneis.
A Associação dos Músicos e Artistas Populares do Distrito Federal e Entorno (Asmap) emitiu nota de “profundo repúdio” à força-tarefa do governo, no último fim de semana.
Entre as atrações culturais que se tornaram tradição dos domingos e feriados brasilienses estão rodas de choro, apresentações de rock, pequenos shows de jazz, além de outras atividades e outros estilos musicais – gratuitas e livres para todos os públicos.
“A Asmap lamenta profundamente que, em um local reconhecido pela importância cultural e social, tenha ocorrido uma intervenção que desconsiderou o valor dessas manifestações”, enfatizou a associação.
E também cobrou “diálogo e respeito”. “É essencial que se encontre um equilíbrio entre a ordem pública e a promoção cultural, sem que haja prejuízo aos artistas, comerciantes e frequentadores que fazem do Eixão um lugar único. Conclamamos as autoridades a promoverem um debate amplo e participativo sobre a regulamentação e o futuro das atividades no Eixão do Lazer, garantindo que esse espaço continue a ser um símbolo de liberdade, criatividade e segurança para todos”, concluiu a Asmap.