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Após um ano à frente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão (foto em destaque), termina o mandato no fim deste mês.
Márcia foi escolhida para assumir o mandato na associação de 2023 a 2024, com 60% dos votos de dirigentes integrantes do Conselho Pleno. Essa foi a primeira vez na história em que uma reitora ou um reitor da UnB assumiu a presidência da Andifes.
Representante oficial das universidade na interlocução com o governo federal, a associação é composta por dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), dois Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets) e 69 universidades federais.
“Neste um ano [de gestão], destaco toda a nossa atuação em função da melhoria do orçamento das universidades federais. O Programa de Avaliação de Aceleração do Crescimento (PAC) também foi muito importante. Além disso, trouxemos de volta quatro universidades que tinham saído da associação. Outro ponto principal é a atuação pela defesa da autonomia universitária, por meio da aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional para nomeação de reitores”, ressaltou a presidente da Andifes.
Márcia comentou, ainda, sobre atualização do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Lei de Cotas, bem como a criação de duas comissões internas na Andifes: a de Direitos Humanos e Inclusão e a de Acessibilidade. “Como é um mandato de um ano, nunca conseguimos concluir tudo. Ainda temos algumas coisas pela frente. Acho que a aprovação da lei de nomeação dos reitores é fundamental”, comentou Márcia.
Na avaliação da reitora da UnB, outra pauta que ficou pendente de avanços foi a recomposição do orçamento das universidades federais.
“Temos tido um excelente diálogo com o governo federal e com o Congresso Nacional. Tivemos uma melhora substancial de nosso orçamento, mas temos uma boa expectativa de que vamos conseguir […] ampliá-lo ainda mais. Hoje, ele precisaria de, ao menos, mais R$ 1,5 bilhão para as universidades”, avaliou Márcia.
Apesar disso, a gestora reconheceu que o orçamento de 2024 é substancialmente maior do que o de anos anteriores. “É uma demanda nossa de que o orçamento chegue a R$ 8,5 bilhões. Dependendo do valor que vier, estamos chegando na faixa de R$ 7 bilhões e aguardando, agora, o projeto de lei para 2025, com uma perspectiva de que virá uma melhoria. Também é importante termos uma lei que dê financiamento permanente às universidades”, completou.
Outro desafio enfrentado pela presidente durante a gestão na Andifes foi a greve nacional dos docentes das universidades federais, no primeiro semestre deste ano. “Tivemos um papel importante na mediação com docentes e técnicos”, disse a reitora.
Em 23 de junho, os professores das instituições de ensino superior federais votaram pelo encerramento do movimento paredista nacional de docentes, iniciado em abril último. A decisão se deu após assembleias estaduais reunirem maioria de votos a favor da proposta de reajuste enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
À frente da Andifes, Márcia Abrahão assumiu o papel de mediadora no diálogo sobre as propostas entre as partes envolvidas. “Agora, também estamos fazendo o reajuste da recomposição das horas não trabalhadas, mas na forma de trabalho não realizado. [Isso] é o que precisa ser reposto para poder dar conta do que ficou represado”, completou.
Sobre o ataque cibernético com ofensas misóginas e vídeos pornográficos durante uma palestra on-line na UnB, na última semana, a reitora criticou a ação. “Repudiamos todo tipo de ataque à livre expressão. A universidade é espaço do debate, do diálogo; e isso [o crime] mostra, infelizmente, uma intolerância que existe na sociedade hoje em dia”, lamentou Márcia.
O episódio ocorreu após o início da apresentação “Road Movies em uma Perspectiva de Gênero”. Cerca de 30 pessoas entraram ao mesmo tempo na sala virtual e começaram a falar frases desconexas pelo microfone, que não podia ser desligado. Eles também escreveram ofensas pelo chat e reproduziram imagens pornográficas na plataforma.
Organizadora da palestra, a professora Rose May Carneiro classificou a ação como violenta e agressiva, além de registrar ocorrência on-line contra os invasores. O evento, que ocorreu em 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, teve de ser encerrado depois do ocorrido.
Como a apresentação não ocorreu dentro da plataforma oficial da universidade, a reitora lembrou que o recomendável a todos é sempre usar as “redes formais” da UnB, pelo fato de serem mais seguras.